terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Entorpeça .



Me procure sem motivo aparente e faça tempestade em copo d’água. Me apavore, me enlouqueça e me envolva numa suposta pretensão. Me instigue, me irrite, invente motivos para pensar que pode ser e depois me alucine parecendo dizer não. Fuja. Passe dias, noites, horas ao meu lado e me conforte. Me acalme, me anime, me faça rir. Depois desapareça, me esqueça, me critique, me hipnotize. Confunda. Se declare, me rejeite, me difame, me oriente e eu, continuarei incoerente, desconexa, envolvida. Procurarei em tudo, em todos. Não te encontrarei, não saberei quem és. Imaginarei minha vida envolvido, enrolado nos teus braços, nos teus olhos. Em filmes, músicas e copos de uísque barato. Eu me trancarei, me esquecerei. Um, dois, três, quatro modos de loucura. Às vezes cinco. Muito gelo e um gole. Entorpecerei logo. Aí, devassados, vestiremos a nudez, compartilharemos o mesmo teto por uma noite, saborearemos o melhor vinho: fel. Transmitiremos calores incansáveis, incessantes e adormeceremos exaustos apenas sabendo que o inferno é o máximo. Depois fingirei que nunca te conheci e te encararei no meio da pista. Dançarei contigo como se tivéssemos dezoito anos e ficarei contigo, transarei no primeiro encontro. Esquecerei tua nobreza e me insinuarei para ti, seduzirei e enfim te terei novamente aqui.

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